O presidente do 3B Sport, Bosco Brasil, informou em entrevista nesta quarta (27) à Agência Brasil que a equipe de Manaus manteve os treinos nesta semana mesmo após oito atletas testarem positivo para o novo coronavírus (covid-19). A equipe da capital amazonense, que disputa a série A2 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, realizou as atividades com 12 das 19 jogadoras do plantel que permaneceram em Manaus, mesmo com a competição não tendo previsão de retorno.
No último sábado (23), chegaram à sede da equipe os resultados dos testes para o novo coronavírus (covid-19). Bosco Brasil afirmou que oito das 12 atletas que permaneceram em Manaus, mesmo com a paralisação do campeonato, apresentaram resultados positivos. “Desse grupo, nenhuma delas teve sintomas da covid-19. Acho que uma ou duas vezes uma jogadora teve que parar os treinamentos leves. Mas nada grave”, relatou o dirigente.
Além das jogadoras e do próprio presidente do clube, que também testou positivo, o filho do dirigente, a cozinheira, a diretora financeira, o supervisor de futebol e a designer gráfica também estão contaminados. O grupo total de jogadoras é de 19 atletas. Sete delas retornaram a suas cidades em março com a chegada da pandemia.
“Na verdade, não paramos de treinar. O alojamento das atletas fica ao lado do nosso centro de treinamento. Seguimos fazendo as atividades com as jogadoras individualmente. Todas estão bem. E nessa segunda o clube reiniciou algumas atividades coletivas. Elas fazem as refeições todas juntas, dormem no mesmo local. Então chegamos à conclusão de que não teríamos porque não realizar os treinos", declarou Bosco Brasil.
O técnico da equipe, Marcelo Frigério, que está em São Paulo, explicou à Agência Brasil as atividades que são realizadas. “Semanalmente, o preparador físico repassa via whatsapp os treinos às atletas. As jogadoras que ficaram lá estão fazendo um trabalho com bola só para movimentar. O intuito é fazer com que as atletas não percam os níveis de força. Na verdade, não tem como aplicar treinos específicos. Isso vai ser só quando o campeonato voltar mesmo. Acho que quando isso acontecer vamos ter pouco tempo para preparar tudo”, disse o técnico.
Na última segunda (25), antes da retomada dos trabalhos coletivos, o clube levou um infectologista para explicar ao grupo os cuidados a serem tomados nesse período de pandemia. “Ele nos deixou bem tranquilos. A imunidade das jogadoras é muito boa. Elas não tiveram problemas. Em relação aos outros quatro do nosso grupo que estão com o vírus, ele fez uma estatística. O coronavírus não proporciona uma ciência exata. Se alguém pegar, seriam um ou dois e com sintomas bem fracos. Não tivemos nenhum problema sério por aqui até agora, graças a Deus” declarou o presidente.
No momento dos testes, dos 14 infectados três já eram considerados curados e fora do período de transmissão. A preocupação maior é com os quatro integrantes do grupo que ainda não foram infectados. “Estamos há 60 dias aqui. Todos unidos. Dificilmente, quem não pegou até agora vai pegar a doença aqui dentro. Mas, se tivermos algum caso, vai ser algo leve, segundo nosso departamento médico”, diz Bosco Brasil.
O próprio Bosco Brasil foi o primeiro membro do clube a ser infectado. Segundo ele, o primeiro exame foi realizado no dia seis de março. O resultado positivo foi confirmado no dia 18 de março. “Fiquei preocupado porque estava convivendo com elas. Acabei ficando uma semana isolado, tomei uma medicação. Mas não tive melhora. Hoje devo estar há 50 dias com a doença. Já ouvi em palestras que a pessoa pode ficar até 90 dias com o vírus. Estou em fase de recuperação. Estou bem, faço academia, trabalho normalmente, durmo bem. Mas fiquei com algumas sequelas na visão, tenho que usar colírio, algumas coceiras pelo corpo. Desde o início de março, já fiz três testes e todos deram positivo”, declarou.
No início da noite desta quarta o Ministério da Saúde informou que o estado do Amazonas é o quarto com maior número de infectados pelo novo coronavírus no Brasil, com o total de 33.508, sendo que 1.891 pessoas perderam a vida em razão da covid-19.
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