Bruna
Linzmeyer, 29, ficou deslumbrada com a região de Aquidauana (MS), onde gravou
boa parte de sua participação na novela "Pantanal", que a Globo exibe
na faixa das 21h. Tanto que precisou se concentrar para não deixar sua
fascinação pelo local traspassar para a personagem Madeleine.
"Eu
tive uma dificuldade de estar muito encantada com o Pantanal, que é muito
exuberante e muito lindo", contou em bate-papo com a imprensa, do qual a
reportagem participou. "Eu estava com o olho brilhando e, ao mesmo tempo,
me esforçava para olhar com a perspectiva da personagem para aquele
lugar."
Isso
porque Madeleine foi parar na região a contragosto, após se casar com José
Leôncio (Renato Góes), mas estava acostumada a viver na cidade grande. "O
encontro de Madeleine com o Pantanal não é um bom encontro", avaliou a
atriz. "Eu ficava colocando esses óculos de Madeleine e vendo aonde que
estavam esses incômodos."
Para ela,
o fato de ser uma região menos povoada gera alguns sentimentos conflitantes em
quem a visita. "Eu lembro de uma sensação que foi muito comum para todo
mundo que passou muito tempo lá, de estar em um isolamento", disse.
Isso não
se dava apenas pela distância física. "[É um lugar que] não tem esquina,
você não vai ali e tem um boteco onde você pode beber uma cerveja ou uma igreja
onde você pode sentar e rezar", explicou. "[Só] tem o rio, as árvores
e esse horizonte sem fim –porque é uma planície–, então você não vê montanha,
não vê curva.."
Bruna diz
que tentou investigar essa aflição que algumas pessoas podem sentir no local
para emprestar a Madeleine. "O olhar dela é de quem não se dá bem com
aquele lugar, para quem aquele lugar representa uma prisão, uma angústia, uma
solidão muito grande, que ela encontra de ficar sozinha lá", compara.
Estar na
locação a ajudou a chegar a essa sensação. "Eu lembro que, quando eu
cheguei lá, fiquei muito impressionada com o nível de produção, uma logística
inalcançável", surpreendeu-se. "Como é possível essa quantidade de
gente? De equipamento? Nós ocupamos 5 ou 6 fazendas e tinha esse deslocamento
todo dia, de uma hora e meia para ir e uma hora e meia para voltar. Ou você ia
de aviãozinho, que todo mundo morria de medo."
A atriz
diz que pediu permissão às entidades que ela acredita existirem por lá para
realizar o trabalho. "Quando a gente fala de respeito de estar lá é
respeito por esses encantados e encantadas que vivem nessas terras, de pedir
permissão para estar ali, para acessar essas energias, essas emoções",
revelou.
"Eu
tenho uma crença espiritual grande", explicou. "Eu fiz muito esse
trabalho de pedir permissão de falar: 'Dá licença que vou mexer com coisas aqui
e a gente vai junto nessa jornada'. É muito poderoso estar em uma locação como
o Pantanal para fazer uma personagem, contribui muito com o trabalho."
Também foi
no Pantanal que ela e Malu Rodrigues –que vive a irmã de Madeleine, Irma–
gravaram suas primeiras cenas. "Não gravamos nada antes da nossa viagem ao
Pantanal juntas, como irmãs", contou Malu. "Rolou uma conexão muito
louca no Pantanal. A gente teve essa intimidade de Big Brother lá na fazenda
que ajudou muito nessa construção. Essa conexão foi ótima para as duas
irmãs."
Na trama,
Madeleine é quem conhece José Leôncio primeiro, e os dois vivem uma paixão
avassaladora, que termina em um casamento-relâmpago. Irma, por sua vez, também
demonstra uma paixão platônica pelo cunhado, que vai perdurar muitos anos.
"Esse
encontro no Pantanal foi especial, porque a gente teve um tempo de conviver, tomar
café da manhã juntas, almoçar...", concordou Bruna. "E a relação de
Irma e Madeleine é muito intensa e paradoxal. Ao mesmo tempo que elas se amam e
têm muito uma à outra, é complexo. Tem inveja, tem raiva, tem
ressentimento."
"Acho
que a relação de irmãos tem um pouco essa intensidade", avaliou.
"Aqui ela está colocada num nível um pouco maior. Foi muito importante ter
essa preparação para a gente ter essa intimidade com o corpo uma da outra,
construir essa raiva, esse ressentimento e essa paixão que elas têm uma pela
outra."
Outra
colega com quem Bruna conviveu no Pantanal foi Leticia Salles, intérprete de
Filó. Na trama, a ex-prostituta é completamente devota de José Leôncio. Ela
passa a trabalhar em sua fazenda com a esperança de que os dois ainda possam
ficar juntos, mas é pega de surpresa com a chegada de Madeleine.
Bruna
falou da companhia da colega em momentos muito especiais. "Tinha uma vila
perto da fazenda onde a gente estava ficando", lembrou. "A gente ia
lá nos dias de folga, conversar com a galera. Sentava no banquinho, as pessoas
recebiam a gente, ofereciam café, ficavam batendo papo... E fomos conhecendo
umas Filós e umas Madeleines. Voltávamos caminhando para a fazenda impactadas
com as histórias que a gente tinha ouvido."
"Eu
digo que a Bruna é a pessoa mais destemida desse elenco", elogia Salles.
"A gente passou um sufoco com ela nos rios, porque ela ia para uns lugares
desbravar, que eu ficava: 'Bruna, pelo amor de Deus, volta!'. E eu falava:
'Cara, acho que eu que sou a Madeleine e você que é a Filó'. Impressionante,
ela não tem medo de nada."
De fato,
Bruna disse que não viveu grandes perrengues durante a gravação. "O maior
perrengue, e isso talvez seja unânime, era abrir e fechar porteiras e os
deslocamentos de todos os dias", disse. "Esse abrir e fechar porteira
os meninos eram gentis também de abrirem e fecharem mais que a gente, que tinha
cabelo, ai tinha poeira, tinha bicho, as porteiras eram intensas para todo
mundo."
Já com os
animais, ela não teve muitas preocupações. "A parte dos jacarés é lindo
demais, eles não são um perigo para nós, a gente pode chegar muito perto
deles", garantiu. "Eu não vi sucuri e também não vi onça. Agora,
quando a ariranha passava, eu saia do rio, ia para a areia. Ela passava e
depois eu entrava de volta (risos)."
"Essa sensação de você se sentir enquanto animal humano, estrangeiro no meio dos outros animais, é muito interessante", comentou. "É uma subversão muito grande de uma lógica a que a gente está acostumado hoje em dia, seja na cidade ou mesmo no interior em que eu cresci. De fato lá [no Pantanal] a gente é intruso e essa inversão de lógica é uma sensação muito importante de se sentir."
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